quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Áudio da Audiência Publica no Senado.

Segue o link para acesso ao áudio da Audiência  Publica ocorrida no dia 29/08 no Senado Federal.

ÁUDIO

O áudio foi tirado dos videos disponibilizados no site do Senado e disponibilizado via Facebook.




terça-feira, 21 de agosto de 2012

II Seminário das Áreas de Conhecimentos de Base Comum: Ensino e Aprendizagens na Educação Profissional Técnica e Tecnológica.



A fim de ampliar nossos conhecimentos sobre Educação Profissional, o IFMT – Campus Cuiabá irá realizar no período de 19 a 22 de setembro próximo o II Seminário das Áreas de Conhecimentos de Base Comum, com o título Ensino e Aprendizagens na Educação Profissional Técnica e Tecnológica. Propomos, nesse evento, socializar conhecimentos e experiências referentes a processos de ensino e aprendizagens desenvolvidos no contexto da Educação Profissional Técnica e Tecnológica, por meio da interlocução com pesquisadores e servidores que discutem e atuam na Educação Profissional.
Em virtude de ainda não podermos contar com o nosso teatro, a conferência de abertura e as mesas redondas serão desenvolvidas no Anfiteatro da Escola Estadual Presidente Médici, nos dias 19 e 20 de setembro, respectivamente, e os Gts no IFMT – Campus Cuiabá no dia 21(conferir programaçãoabaixo).
Visando atingir os objetivos propostos, organizamos o seminário em dois eixos
temáticos:
1. Práticas da docência na Educação Profissional: perspectivas e dasafios.
2. Educação Profissional no contexto das novas tecnologias.
Esses eixos temáticos serão desenvolvidos por meio de conferência, mesas redondas e grupos de trabalhos em que serão socializados conhecimentos teóricos e práticos referentes à Educação Profissional. Além das atividades acadêmicas, daremos ênfase a atividades culturais, com o propósito de destacar a formação humanística proporcionada pelo IFMT.
Programação:

Dia 19/09
Local: Anfitearto da Escola Estadual Presidente Médici
Avenida Mato Grosso n. 564- Araés
17h30
Credenciamento
19h30
Apresentação Cultural: Alma de Gato
20h
Conferência de abertura: "Os desafios aos ifs frente às demandas por integração curricular e docente"
Prof. Dr. Celso João Ferretti – UNISO


Dia 20/09 às 8:00h
Apresentação cultural: Banda Mestre Albertino do IFMT
8h30
Mesa redonda: Práticas docentes na educação profissional: perspectivas e desafios
Metodologias ativas de aprendizagem e suas possibilidades no contexto da educação profissional - Prof. Dr. Eduardo F. Barbosa - UFMG
Contribuições da Sociologia para a formação humano-técnico-científica na Educação Profissional no Século XXI - Prof. Dr. Francisco Xavier – UFMT
Mediações Formativas na Perspectiva do Interacionismo Sociodiscursivo- Profª Drª Elvira Lopes Nascimento - UEL
14h
Atividade cultural: Orquestra de Câmara do IFMT/ performance literária : Prof. Luiz Renato
14h30
Mesa redonda: Educação Profissional no contexto das novas tecnologias
Tecnologias & Educação Profissional - Profª Drª. Julieta Beatriz Ramos -Universidade Luterana do Brasil- RS
Educação e humanidades em tempos de cibercultura-Prof. Dr. Renilson Rosa Ribeiro- UFMT
O movimento dos saberes entre realidade e virtualidade: reflexões a respeito da educação profissional através da internet na contemporaneidade- Profª. Mariana de Fátima Guerino- IFMT

21/09/2012
Local IFMT-Campus Cuiabá Octayde Jorge da Silva
Rua Profª Zulmira Canavarros n.95-Centro.
8h
Grupos de trabalho
GT 1: Metodologias de ensino-aprendizagens na Educação Profissional e Técnológica
GT 2: Juventude, educação e trabalho
GT 3: Diversidade e inclusão social
GT 4: Projetos de pesquisa e estágio supervisionado
GT 5: Avaliação: teoria e prática
Compreendendo o Seminário como um espaço de formação continuada, esperamos contar com a sua participação tanto nas discussões quanto nos Gts, sendo estes uma oportunidade para compartilhar as experiências de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidas no contexto da Educação Profissional em Mato Grosso. Faça a sua inscrição pelo http://www.semacbc.cba.ifmt.edu.br/


Marlene Rodrigues da Silva
Presidente da Comissão Organizadora

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Nota de esclarecimento sobre o fim da greve de professores na UnB


Hoje, dia 17 de agosto, foi divulgado o encerramento da greve de professores na Universidade de Brasília. Sentimos, no entanto, a necessidade de esclarecer como se deram os fatos que levaram a esse acontecimento:
No dia 14 de agosto a Diretoria da ADUnB convocou seus associados para uma Assembleia Geral, a ser realizada no dia 16/8/2012, com finalidade de discutir os rumos da greve. Devido ao Ato Unificado da categoria, marcado para o mesmo dia, a assembleia foi remarcada para o dia 21 de agosto. No dia 16, o Comando Local de Greve da UnB convocou uma Assembleia Geral Extraordinária* para o dia 17, com pauta única: discutir o adiamento das eleições para a reitoria da UnB.
Nesta Assembléia (17), a direção da ADUnB ignorou a convocação do Comando de Greve e propôs uma nova pauta: votação para saída imediata da greve, mesmo estando cientes de que já havia uma convocatória da pauta para o próximo dia 21. A mesma diretoria, que seguidas vezes se negou ao acréscimo de pautas antes do inicio das assembleias, se aproveitou do quadro favorável ao seu posicionamento em relação ao término da greve para acrescentar repentinamente a pauta, sem ao menos existir uma nova contra-proposta do governo.
A Assembléia estava mais esvaziada do que as outras, mas houve, entretanto, uma articulação clara entre os setores que tinham intenção de acabar com a greve. Há pouco mais de uma semana, na última Assembléia Geral, 254 professores apoiaram a continuidade da greve e somente 70 se mostraram contrários. Hoje, pegos de surpresa pela mudança de pauta na última hora, 116 professores apoiaram a sua continuidade e 130 professores votaram pelo fim da greve, o que demonstra ainda assim uma disputa acirrada dentro do segmento.
Vários estudantes afirmam ainda que houve mudança na matéria “Assembleia é suspensa e professores marcham na Esplanada“, publicada no site da ADUnB. Durante a assembleia, estudantes leram no site da Associação a respeito da assembleia que aconteceria no dia 21, próxima terça-feira, tendo como pauta os rumos da greve. No entanto, por volta das 17h40, o texto da notícia já não era o mesmo. O novo texto dizia que a assembleia cancelada no dia 16 aconteceria hoje, como se isso já tivesse sido decidido anteriormente e a convocação para o dia 21 não existisse.
Assim “terminou” a greve de professores na UnB.
Movimento Honestinas

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Senadores apóiam reabertura de negociação do governo com docentes em greve

Em uma reunião com mais de 80 docentes, representando todos os estados brasileiros, os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Cristovam Buarque (PDT-DF) se comprometeram a cobrar do governo federal a reabertura de negociações com os docentes federais em greve. A paralisação completa três meses nesta sexta (17).

O encontro aconteceu nesta quarta-feira (15) no anexo 2 do Senado Federal, por solicitação do Comando Nacional de Greve do ANDES-SN e contou também com a participação do CNG do Sinasefe.

Em sua fala na abertura da reunião, Marinalva Oliveira, presidente do ANDES-SN, fez um resgate do histórico de reuniões com o governo e dos fatores que levaram à greve no setor da Educação. Em agosto de 2011, as entidades firmaram um acordo emergencial com o governo, que previa a restruturação da carreira até março deste ano. No entanto, os trabalhos não avançaram. Ao contrário, nas mesas com os representantes dos ministérios do Planejamento e da Educação, o que se viu foi a intransigência em negociar pauta dos professores.

“Diante dessa postura e da crescente insatisfação a categoria com o projeto de educação que vem sendo imposto às Instituições Federais de Ensino pelo governo federal, com o aumento no número de vagas sem a contrapartida de investimento na contratação de pessoal e melhoria de infraestrutura, os docentes deflagram a maior greve da Educação Federal dos últimos tempos”, explicou Marinalva.

A presidente ressaltou que a greve segue forte e que os professores mantém a disposição de negociar, desde que o governo se disponha a dialogar com as reivindicações da categoria.

Segundo ela, as atitudes antissindicais do governo em assinar acordo com uma entidade que não representa a categoria e suspender as negociações de forma unilateral serviram para aumentar ainda mais a indignação dos professores.

Wanderlan Santos Porto, do Comando de Greve do Sinasefe, denunciou a tentativa do governo em dividir as categorias e quebrar a unidade da greve no setor da Educação, condicionando a negociação dos técnicos administrativos ao término da com os professores.

Porto reforçou ainda que o tamanho e força da greve é proporcional ao descaso do governo com a Educação. “É a Educação Federal que está clamando por investimentos que façam que o discurso a qualidade se efetive. Entendemos que a carreira atual dos professores não atende a um projeto de educação de qualidade”, constatou.

O representante do Sinasefe apontou ainda que, em médio prazo, a Educação Federal corre o risco de perder bons quadros para a iniciativa privada ou outras carreiras, porque a nossa é pouco ou nada atrativa. “Os alunos de hoje já não vêem mais com bons olhos a carreira docente, e poucos aspiram segui-la. Precisamos resolver essa situação para que a qualidade seja uma prática e uma marca das IFE”, disse.

Atentado à Constituição
Zé Maria de Almeida, coordenador da CSP-Conlutas, ressaltou que o governo criou para si um problema ao firmar um acordo com uma entidade que não representa a categoria docente. O dirigente classificou a atitude como “um crime à organização sindical”.

“O governo não pode esperar que os trabalhadores engulam um acordo que foi assinado com uma entidade que não os representa. Se existe um impasse, essa não é a forma de resolvê-lo. Isso é grave não só pelo prejuízo que gera aos docentes e aos estudantes com a continuidade da greve, mas também pelo precedente que abre. O governo vai impor agora qual sindicato deve representar os trabalhadores?”, questionou.

Zé Maria lembrou que as reivindicações dos docentes são legítimas e justas e que os argumentos do governo para não negociar a pauta apresentada não se sustentam.

Pressão dos parlamentares
Após a leitura da carta encaminhada pelo ANDES-SN aos ministérios da Educação e do Planejamento pedindo a reabertura de negociação, feita por Suplicy, os três senadores se comprometeram a encaminhar ainda nesta quarta (15), um email solicitando aos ministros Aloizio Mercadante e Miriam Belchior a reabertura de negociação com o ANDES-SN e com o Sinasefe.

Durante a reunião, o Senador Suplicy tentou contato telefônico com os dois representantes do Executivo, mas não conseguiu ser atendido, pois ambos estavam em outros compromissos.

Os parlamentares irão ainda articular o apoio de outros senadores e também solicitar uma reunião tanto com o MEC quanto com o Planejamento, para cobrar uma solução para o impasse. “É importante continuarmos o esforço de diálogo e também buscar encaminhamentos o mais rápido possível”, registrou Suplicy.

Cristovam Buarque ressaltou que a atitude dos senadores não era apenas em solidariedade aos trabalhadores, mas também em preocupação aos prejuízos que a atual situação traz para o Brasil. “Um país que tem uma greve dessa dimensão na Educação não sabe que já está no século 21”, apontou, criticando o descaso com o qual o governo vem tratando a Educação Pública.

Randolfe Rodrigues registrou a necessidade de ampliar o apoio entre os parlamentares, para criar uma comissão para pressionar o governo. “Vamos buscar de imediato apelar aos ministros que nos recebam e reabram as negociações com as entidades que representam os docentes federais. Estamos dispostos para sermos recebidos a qualquer hora. Tenho certeza que outros colegas se somarão”, conclui.

Os senadores se comprometeram em encaminhar uma resposta ao ANDES-SN e ao Sinasefe tão logo obtivessem retorno dos ministros. Uma nova reunião deve acontecer na próxima semana, com a presença de deputados federais, para ampliar a comissão e o apoio parlamentar aos professores em greve.

Fonte: Andes

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Manifestação do Comando Unificado de Greve - Cuiabá (08/08/2012)

A ADIFMT parabeniza os servidores e os alunos que estiveram presentes na manifestação realizada nos arredores da ARENA PANTANAL. Não queremos COPA do Mundo, queremos EDUCAÇÃO de Qualidade.  




































Videos da Manifestação:

A bola mucha da educação:





sábado, 4 de agosto de 2012

CONSIDERAÇÕES SOBRE A GREVE NAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO)


            Você já entrou no site do Andes-SN ou do Sinasefe Nacional e viu as pautas de reivindicação? Não? O que você viu? As matérias de jornal que dizem que o governo já apresentou duas propostas de "aumento"? Sinto muito em lhe dizer, mas o que você viu foram apenas meias verdades (se é que são meias... às vezes, são só 5% da verdade, ou nem isso). As pautas dessa greve vão além de salários, discutem vidas, a dos professores, dos técnicos e dos alunos, atuais e futuros, a passar pelas instituições federais. Discute-se o ingresso dos alunos, com estrutura para recebê-los e, não é por não mostrarem essas pautas na mídia, que elas não estão na negociação. Elas estão, mas o governo não quer negociar. As duas propostas do governo (que na verdade são a mesma coisa) representam uma tentativa de calar a boca dos servidores e manter tudo como está. Não houve negociação por parte do governo. Houve imposição: está é a proposta e é a última, dizem os ministros. Quem a fez? quem a elaborou? O governo, sem ouvir os servidores, sem olhar a realidade dos servidores, nem dos alunos, nem das instituições. Ah, mas o PROIFES assinou o acordo com o governo (o Proifes, na verdade, nem sindicato é. Sindicato é o ANDES e o Sinasefe. O Proifes, uma federação, foi criado pelo PT justamente para esses momentos, justamente para acabar com movimento trabalhista. Basta ver que as bases – Universidades ligadas a ele – em sua maioria, rejeitaram a proposta do governo e o Proifes, arbitrariamente, assinou assim mesmo). Ah, mas estamos em crise mundial. O governo está sendo responsável economicamente oferecendo reajustes, escalonados em 3 anos, com impacto de 4,8 bilhões no orçamento. Dilma acabou de perdoar 18 bilhões em dívidas das faculdades particulares e sabe por quê? Para lhe oferecer bolsas de ensino. Aí, aluno de graduação, eu lhe pergunto: e a pesquisa? Estas faculdades particulares não tem. E a Extensão? Também inexistem. Você terá, nessas faculdades particulares, uma formação pífia e manca. Quer discutir crise mundial? Explique-me esses 18 bilhões; explique-me 50% do orçamento para pagar Dívida Pública; ou os quase 80 bilhões que serão gastos na Copa; explique-me estádios, parques, velódromos (de milhões, bilhões) construídos para o Pan e demolidos para serem refeitos para a Copa e as Olimpíadas. Isto também está na mídia, você não viu? Cadê a prioridade nos gastos públicos?

            Ah, mas tem professor "em férias" durante a greve? Claro que tem. Existem pessoas de todos os tipos, mas não crie uma regra que abarque 140 mil professores federais por dois que você conhece (e estão, por exemplo, no Chile, esquiando) e sabe que não estão fazendo nada em favor do movimento.            Ah, mas os alunos estão sem aula há 77 dias. Os alunos prestes a se formar não se formarão, senão com atraso de dois ou três meses. Você conta realmente sua vida em tão curto tempo? E o final do ano que vem? E daqui a dez anos? Vinte anos? E seus filhos e netos? Ah, mas professor só quer salário. Repito: antes de responder a este texto, pare de acreditar nessas matérias que circulam por aí, olhe a pauta de reivindicações e depois nós conversamos sobre salário, sobre estrutura, sobre melhora para você, aluno, e sobre o futuro que deixaremos em anos, não em dias ou meses, para o seu filho ou seu neto.            Se você faltou às aulas de História do Brasil, aqui vão algumas informações que você precisa ter: greves resolvem muita coisa. Se hoje o trabalhador brasileiro tem direito a férias, 13º salário, condições de trabalho, dentre outras conquistas (sim, conquistas, pois foram conseguidas com luta), grande parte disto se deu graças aos brasileiros do passado que fizeram greve e lutaram, às vezes, à rivelia dos próprios beneficiados, em favor do futuro.            Tenho ouvido alunos (com muitas exceções, por sorte) dizerem que os professores são uma “cambada”, “gentolha”, “corja”, dentre outros termos pejorativos usados inconsequente e indiscriminadamente. Você entrega sua formação nas mãos dessas pessoas e é isso que você pensa mesmo delas? Depois de anos de estudo, de especialidade, de formação que permite a cada docente ser autoridade no assunto que leciona, você acha que ele/ ela é isto mesmo? Se esta é a sua lógica, usarei um clichê e perguntarei: Diga-me com quem tu andas e eu te direi quem és! Ou ainda, pra te entender melhor, eu farei uma alteração no lugar-comum e direi: Diga-me o que tu lês (e tomara que leias) e eu te direi por que razão você pensa assim! Nessas horas, alguém sempre volta a falar em salário, que os professores só querem encher os bolsos de dinheiro, que a realidade do Brasil é outra, que tem gente vivendo com um salário mínimo, etc. Triste, triste isto. Se não lutarmos por nossos salários, nossas carreiras, quem o fará? Quanto a pessoas que ganham um salário mínimo, eu diria: Que pena. Bom seria (e há como!) se todos ganhassem mais. Não quero nivelar os ganhos, as conquistas dos trabalhadores, por baixo. Quero que o seja feito por cima, em efeito cascata, atingindo a todos em médio ou longo prazo. É possível, eu acredito, eu luto por isso.              Por fim, dia 31/08 é a apresentação da proposta de Orçamento. Ela pode (e é) mudada até ser votada pelos parlamentares, em dezembro. Mesmo depois, ainda há como alterar. Logo, concluimos que os “prazos do governo” são falaciosos.            Informe-se mais, leia mais, leia muito. Busque várias fontes, debata, discuta, ouça e, repito, leia. Com informação, com conhecimento, você deixa de ser refém e passa a ser agente de sua vida. Isto também é educação, da forma mais plena, responsável e com qualidade indiscutível.


Ass. Prof. Paulo Sesar  Pimentel

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Greve e gravidade do momento

Universidades e institutos federais estão em greve desde 17/05. O governo Dilma não acreditou que a greve ocorresse; depois, que durasse. Por isso, só apresentou uma proposta dois meses após. Como era indecorosa, cheia de armadilhas, a rejeição foi retumbante. “Outra” proposta foi apresentada, mas a essência da anterior foi mantida.

Mas, por que não aceitamos nada? Porque, além de recomposição salarial verdadeira (e não as mentiras dos tais 45%), precisamos de garantias para a valorização de nosso trabalho.

Nas propostas do governo é possível constatar: 1) desconsideração de nossa pauta, pois não propõe um Plano de Reestruturação da Carreira; 2) ataque à autonomia universitária, colocando o MEC como sujeito a definir critérios não explicitados para várias atividades; 3) impedimento à progressão na carreira, quanto ao reenquadramento dos professores hoje próximos da aposentadoria; 4) protelação de aspectos importantes do plano, como tempo na carreira, critérios para avaliação do trabalho docente e outros pontos conceituais. Tudo é deixado para posterior discussão em grupos de trabalhos.

Ora, esses grupos já nos são velhos conhecidos. Qualquer docente – até mesmo aqueles ligados ao Proifes, que é um tipo de “sindicato” de professores ‘genuinamente’ puxa-sacos do PT e congêneres – sabe que isso não funciona. Se funcionasse, não estaríamos em greve; afinal, sem contar os anos anteriores, em 2011, foi formado um grupo. Por isso, naquele momento, a greve não ocorreu.

Demos crédito ao governo. No entanto, pouco antes das reuniões, o governo petista alegava “diarreias”, desmarcando os encontros. Por esse desrespeito não podemos passar mais. Chega! Paciência tem limite. Tudo tem de ser firmado na greve. Ou avançamos na proposta – em greve – ou nos calamos de vez.

Agora, se retrocedermos, sem absolutamente nada de concreto, assistiremos à morte por estrangulamento de nossa categoria; logo, a morte da própria Universidade, que já se encontra na UTI. Este é o momento de garra, de “guerra”.

Nesse sentido, peço aos leitores que compreendem a importância de termos universidades públicas com qualidade, que façam intervenções possíveis junto a políticos de todos os partidos.

Depois de duas décadas de pauladas ininterruptas no cérebro da Universidade, chegamos ao limite. Não podemos mais permitir a sequência dessa destruição. Afinal, o país já está pagando caro pela falta de qualidade no ensino.

As provas da tragédia de nossa educação são visíveis; são constatáveis em cada nova pesquisa. 74% da população não é plenamente alfabetizado; até soletra, mas não compreende o que lê. Pior: saídos desse contingente, 38% dos universitários – que são apenas 20% da população – estão na mesma situação de semialfabetizados. Estamos perigosamente regredindo, senhores!

O real tamanho dessa regressão pode ser mensurado quando olhamos para outros países. O último Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), aplicado em 65 países, expõe o Brasil em 57º lugar em Matemática e na 53ª posição em Linguagem e Ciências. Isso é gravíssimo. Os reflexos dessa ignorância são tão previsíveis quanto assustadores.

Finalizo este artigo, pedindo novamente não só a compreensão, mas a participação de todos em nossa greve. Nós, docentes, por respeito à sociedade, precisamos de condições plenas para a autonomia acadêmico-didático-científica, de condições de trabalho.

Queremos, sim, a expansão da universidade, mas com a garantia da qualidade. Sem isso, tudo é muito perigoso para o futuro.



*ROBERTO BOAVENTURA DA SILVA SÁ - dr. em Jornalismo/USP; prof. De Literatura/UFMT 

Carta aberta aos alunos do COS-UFAL sobre a greve docente


Queridos alunos,

Primeiramente quero pedir sinceras desculpas pela forma inadequada de postar e comentar notícias sobre a greve docente nos meios de comunicação digitais, sobretudo no facebook. A maneira como o governo federal está tratando nossa profissão está enervando toda a categoria, além de motivar muitos mestres a abandonar a atividade docente em busca de uma melhor valorização em outras esferas laborais.

Vocês devem se perguntar: “Como podem negar um aumento de 45% se meu pai ganhou só 10% no emprego dele? Não é injusto? Por que não estão satisfeitos?”

Como vocês são de uma geração midiatizada, ou seja, que é diariamente (des)informada nos telejornais e tem sua agenda de discussões cotidianas pautada pela mídia, resolvi escrever um texto que explica o porquê dessa confusão que está prejudicando não só os estudantes como também nós professores grevistas.

Reuni - o início do “faz que ensino e tu fazes que aprendes”

Em 2003 o Governo Federal instituiu o Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), que teve como principal objetivo ampliar o acesso e a permanência na educação superior. Em outras palavras: massificar a educação superior, criando milhares de novas vagas sem um estudo de como seria absorção da garotada pelo mercado de trabalho. O desleixo do governo acabou condenando milhares de jovens recém diplomados ao desemprego (ou subemprego) após o término da graduação. 

Os efeitos dessa iniciativa podem ser percebidos pelos expressivos números da expansão, iniciada em 2003 e com previsão de conclusão até 2012. Podemos citar alguns:

- Aumento indiscriminado de vagas nos cursos de graduação ao mesmo tempo em que foram abertos poucos concursos para o magistério superior. Resultado: turmas enormes, com poucos professores, legitimando a prática criminosa do "faço que ensino e tu fazes que aprendes";

- Ampliação da oferta de cursos noturnos. Resultado: ingresso de alguns professores-biscateiros, que tem o magistério não como paixão ou projeto de vida, mas como uma simples fonte extra de renda;

- Promoção de "inovações pedagógicas" e o combate à evasão. Resultado: leia-se aumentar os dados quantitativos do Mec para apresentá-los às organizações internacionais como a OEA (Organização dos Estados Americanos) ou a ONU (Nações Unidas). Dessa forma, é feito de tudo para aprovar o aluno, pois o que conta é o número de graduados no país, independentemente da qualidade da formação que eles tiveram;

- Outras metas que têm o propósito de diminuir as desigualdades sociais no país. Resultado: a instituição de cotas raciais e sociais tem seu lado positivo, mas abre precedentes muito perigosos. Em vez do governo investir em cursos profissionalizantes - como na Alemanha, que tem curso de pedreiro, de mecânico, de padeiro, que converte milhares de pessoas carentes em exímios profissionais -, o governo prefere formar pseudo-universitários, que ingressam na universidade em estado de semi-analfabetismo e que devido a orientação quantitativa do sistema brasileiro faz com que a maioria conclua o curso

Obs: Vocês já refletiram no sistema adotado, por exemplo, na Ufal? 1ª nota, 2ª nora, REAVALIAÇÃO e prova final. Quem não é capaz de ser aprovado nos cursos de Ciências Humanas e Sociais?

Com o Reuni, rapidamente, podemos apontar os seguintes problemas para a classe docente:

* Diminuição de tempo para atender a tantos alunos, fazendo com que as orientações se tornem coletiva em vez de individual;

* Valorização da atividade de sala de aula em detrimento da pesquisa científica - motor de desenvolvimento de qualquer país;

 * Expansão irresponsável com pouca verba. Para vocês terem uma idéia, a Universidade Federal de Santa Catarina ao longo de uma década teve sua capacidade orçamentária reduzida em 28,11% pelo governo e ao mesmo tempo aumentou em 38,5% as vagas de seu vestibular. Talvez seja esse o motivo de muitos de nossos cursos  sofrerem com a falta de professores e até mesmo de salas de aula (é o caso de Relações Públicas); das bolsas de estudo não aumentarem e do baixo número de vagas na moradia estudantil;

* Instituição de cursos de graduação à distância. Em 2006 surge a famigerada UAB (Universidade Aberta do Brasil),  que oferece cursos de graduação à distância para milhares de jovens, sobretudo em regiões remotas do país. Imaginem uma coisa: se os cursos presenciais estão sofrendo com essa quantificação da vida acadêmica, imaginem os cursos à distância! Que tipo de relação aluno-professor e aluno-aluno vai ser estabelecida nos aulões virtuais da UAB? Que qualidade esses cursos podem ter se não chegam nem a usufruir de infra-estrutura básica? Qual será o futuro profissional de alguém formado em cursos mediados por velhos computadores? O que importa para governo é quantidade. O aluno pós-Reuni se converteu em número, da mesma forma que os prisioneiros em Auschwitz. Grosseira, mas real comparação;


* O REUNI como carro-chefe de um projeto de privatização. Para vocês terem uma idéia, na Europa, com o Pacto de Bolonha em 1999, se incentivou a criação de cursos de ciclo comum (interdisciplinares) para fortalecer um grande mercado transnacional de cursos baratos, com o objetivo de converte a educação em mercadoria. Políticas como essa foram muito incentivadas também por organismos internacionais, como os deprimentes FMI e o Banco Mundial. Do lado de cá, o governo Lula seguiu a orientação desses organismos neoliberais e usou essas políticas privatizantes como modelo para sua “reforma” universitária de nome Reuni. Essa “reforma” está vindo aos pedaços, justamente para que VOCÊS ESTUDANTES tenham dificuldades de enxergá-la como um todo. Suas principais medidas são: SINAES/ENADE, Prouni, UAB, o fortalecimento das fundações privadas ditas de “apoio”, a Lei de Inovação Tecnológica, o Novo Enem, a criação dos IFETs e o próprio REUNI. Novas universidades como, por exemplo, a UNIVASF, e os campus de interior (como o de Arapiraca, da UFAL) nascem com todos os traços de precarização que existem nas atuais, só que de forma bem mais ampliada com cursos sucateados e pouca infra-estrutura. Com isso, o governo pretende, por um lado, manter de pé o ensino pago através de muitas isenções e transferências de dinheiro público, a exemplo do recente empréstimo de R$ 1 bi do BNDES com juros baixíssimos para financiar o setor do empresariado da educação. Enquanto isso se aprofunda a crise financeira das universidades públicas, a exemplo do recente corte de R$ 1 bi de reais da educação, com o objetivo de que todo conhecimento passado e produzido no ensino superior brasileiro esteja subordinado ao interesse de grandes empresas, em sua maioria multinacionais. E o REUNI é o carro-chefe de todo esse processo ao ser o principal ataque às universidades federais que são responsáveis pela maior parte de toda pesquisa que é feita no país.

ATENÇÃO: vocês sabiam que a Medida Provisória 559 - que, pasmem, era apenas para regulamentar a federalização da Companhia Energética de Goiás (Celg) - se transformou numa emenda que estabelece o perdão das dívidas das universidades em troca de bolsas de estudo? De acordo com uma pesquisa realizada pelo próprio governo, cerca de 500 universidades particulares vão ser beneficiadas. Elas somam 17 bilhões de débito com o Imposto de Renda, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), entre outros tributos. Pessoal, vou repetir: DEZESSETE BILHÕES! Isso significa mais de quatro vezes o valor do impacto orçamentário da proposta-mentira aos professores apresentada pelo governo (4,2 bilhões). As "fábricas de diploma" agradecem.


O Reuni foi instituído pelo Decreto nº 6.096, de 24 de abril de 2007, e é uma das ações que integram o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). Para entendê-lo melhor acesse o site governamental http://portal.mec.gov.br/expansao/

Um vergonhoso golpe contra os professores.

Em 2006, a Medida Provisória de nº 295 criou a classe de professor associado, prejudicando os professores mais antigos que não ascenderam a essa categoria - ficando estagnados na carreira e, portanto, desmotivados. De acordo com esse documento, para progredir da classe de Professor Adjunto 4 para Professor Associado, o docente deve atender, cumulativamente, aos seguintes requisitos: estar há dois anos, no mínimo, no nível Adjunto 4, possuir título de Doutor ou Livre-Docente e ser aprovado em avaliação de desempenho acadêmico. 

Com a criação da classe Professor Associado, sabe o que aconteceu com os aposentados que tinham titulação e preenchiam os requisitos de progressão? Não foram reenquadrados no novo sistema, obtendo perdas salariais significativas. Até hoje eles não conseguiram esse reenquadramento. Sabe quem está por trás desse acordo? O PROIFES, aquele sindicato ligado ao PT que apareceu na televisão dizendo que o acordo era ótimo.

Em 2006 – outro show midiático do governo

Nessa época os professores trabalhavam já há vários anos sem aumento salarial. O governo midiático do PT afirma na imprensa que estava dando um aumento de (até) 69%, como podem ver nessa matéria: http://educacao.uol.com.br/ultnot/2007/11/26/ult105u6055.jhtm Entretanto, a mentira - que é muito parecida a contada a vocês hoje – pode ser descoberta no próprio texto. Reparem no quinto parágrafo:

“No caso de um professor-adjunto de nível I, ativo, com doutorado -- que recebe hoje cerca de R$ 5,5 mil --, o acréscimo em março de 2008 será de 14,2%. Os rendimentos mensais devem ser de aproximadamente R$ 6,3 mil. Em julho de 2009, podem passar a R$ 6, 6 mil e, em julho de 2010, a R$ 7,3 mil. O percentual de recomposição salarial será de 32,1%.

Não era 69%? Saibam que esse aumento não cobriu nem a inflação do período e outra: foi parcelado em três anos, igualzinho ao que querem fazer agora.

Chega 2011 e o novo golpe dos 4%

Em 2011 os professores sinalizaram entrar em greve – a UFAL ficou uma semana em greve -, mas desistiram para dar um voto de confiança ao governo. Como forma de acabar com a greve, o governo ofereceu um reajuste de 4% no salário e incorporação da GEMAS (uma espécie de extra que ganhávamos) ao salário base. Entretanto, a incorporação da GEMAS não aumentou em nada nosso salário, só diminuiu uma linha no contra-cheque – agora temos o salário base e a retribuição por titulação (RT).

Vocês sabem quanto isso significaria de aumento no meu contra-cheque? Menos de 300 reais. Vale lembrar que sou professor adjunto com Dedicação Exclusiva, ou seja, um funcionário que ganha salário considerado “full” – cheio. Imaginem os colegas que são 20 horas, 40 horas ou com o título de mestre!

Não pagaram os 4% até hoje!

Sabiam disso? Até hoje não vimos a cor da esmola. E outra: sabendo da indignação da classe docente, o governo se apressou em publicar no Diário Oficial da União, do dia 14 de maio de 2012, a Medida Provisória nº 568, que concede reajuste salarial de 4% aos professores federais, retroativo a 1º de março de 2012. São tão ordinários e desprezam tanto a educação que não cumpriram, de novo, o acordo.

Grupos de trabalho fictícios

O governo e as classes sindicais dos professores tinham acordado criar um grupo de trabalho que objetivava reestruturar a carreira do professor federal. O governo adiou inúmeras vezes essas reuniões – que no final não deram em nada. Hoje sabe-se que o verdadeiro objetivo dessas reuniões era “cozinhar” os professores e dar tempo ao governo para elaborar uma proposta midiática que jogasse a opinião pública contra os trabalhadores.

A primeira proposta-mentira

Com a greve generalizada de professores em todo país e de grande contingente de alunos politizados, o governo sentou-se com os mesmos traidores que deram o primeiro golpe de 2006 e elaborou uma proposta, ao mesmo tempo em que organizava uma plataforma midiática para anunciar a mentira.  O mais engraçado é que minutos antes dos funcionários do Ministério do Planejamento se reunir com os professores para apresentar a proposta, Mercadante de Miriam Belchior convocavam a imprensa no auditório do MEC para apresentar a “proposta final”. E o mais patético é que trinta minutos antes é noticiado no Globo News que governo reajusta em 45% o nosso salário.


Cinismo ao extremo

Eu pergunto: E as condições de trabalho? E o conserto da besteira do Reuni? E a melhoria de equipamentos e aumento das bolsas para nossos alunos?

E outra: esqueceram de dizer que essa proposta é igualzinha ao outro show midiático de 2006: os 45% será dado aos professores titulares e em três parcelas anuais. Isto é: 45% de aumento em 2015, com o Brasil já Hexa Campeão (oxalá)!

Vocês sabem, por acaso, o que é um professor titular? É um professor que chegou no último nível (associado IV) da progressão docente e que faz um outro concurso público (para professor titular). Sabe quantos professores titulares temos na UFAL? Q-U-A-T-R-O, entre os mais de 1.300 professores. Compreenderam a mentira descarada do governo?

Pessoal, é preciso ter clareza do que significa esse golpe publicitário, pois vocês estudam Comunicação Social. O governo deseja recuperar sua imagem perante a sociedade (imagem institucional), ao mesmo tempo em que tenta jogar a população contra os grevistas (controle da opinião pública), anunciando um índice de reajuste que a maioria dos trabalhadores jamais viu (propaganda). Vocês não perceberam isso??? Vocês estudam isso!
O que de fato foi apresentado aos professores nessa primeira reunião? Em primeiro lugar, uma tabela contendo uma proposta de reajuste salarial parcelada em 3 anos (40% em 2013, 30% em 2014, 30% em 2015). Se realizarmos a projeção da inflação para o período, o reajuste não é para todos. Para maioria dos docentes, o que ocorrerá é na verdade PERDA SALARIAL. 

Veja a tabela abaixo, que calcula o reajuste real com base em uma estimativa da inflação futura 
(20,8% acumulados nos próximos 3 anos):




I
II
III
IV
V
VI
Titular
11.755,05
17.057,54
45%
13.426,62
16.219,35
5%
Associado
11.424,45
15.464,45
35%
13.049,01
15.763,20
- 2%
Adjunto
7.333,67
10.007,24
36%
8.376,52
10.118,83
- 1%
Assistente
4.651,59
6.171,22
33%
5.313,05
6.418,16
- 4%
Auxiliar
2.762,36
4.014,00
45%
3.155,17
3.811,44
5%
(Valores em R$ reais)
I – Vencimento em fevereiro de 2010 
II – Vencimento em março de 2015, segundo proposta
III – Ajuste bruto – coluna II/III
IV – Salário atual com recomposição do passado
V – Projeção para o futuro
Fonte: Estudo realizado pelo Prof. Wagner Ferreira Santos, Departamento de Matemática/UFS – Campus






Na sequência da reunião, pressionados pelos protestos dos grevistas, o governo finalmente apresentou seus “aspectos conceituais para reestruturação da carreira”. Nesse documento, o governo expressa não apenas sua inteira desconsideração da proposta apresentada pelo ANDES-SN (uma carreira única, sem classes, apenas com níveis), demonstrando mais uma vez seu desejo de mercantilizar a educação.


Na proposta, todo desenvolvimento na carreira está condicionado a critérios produtivistas, que serão definidos pelo MEC e não pelas instituições, o que representa um duro golpe na autonomia universitária. Em desacordo com o que prevê a LDB, a carga horária mínima semanal passa a ser de 12h-aula e condicionante para a progressão. Os steps entre os níveis são aparentemente aleatórios, mas criam fossos entre a remuneração dos professores das diferentes classes, em especial entre adjuntos e associados. Os professores de dedicação exclusiva terão que transformar sua produção em mercadoria, para fazer jus a uma retribuição por projetos. Os docentes em estágio probatório não poderão progredir. Os aposentados, uma vez mais, estão excluídos do enquadramento na nova estrutura, como ocorreu com a criação da classe associado - o golpe que eu havia contado antes. 



O governo, além de não mencionar sequer por um instante as péssimas condições de trabalho que também mobilizam os professores em greve, já disse que a proposta em questão é inegociável. Ou seja: o governo, na verdade, está pouco se lixando com os professores e, sobretudo, com vocês alunos!

A segunda proposta-mentira

Na segunda proposta o que mudou foi que em vez de pagarem as parcelas de reajuste em julho de 2013,2014 e 2015, vão pagar em março. O aumento mínimo passou de 12% para 25% - isso para os colegas que tem mestrado e se encontram na classe de assistente.

Logo após o anúncio dessa nova mentira, o PROIFES (sindicado ligado ao PT e que representa pouquíssima gente) vai à mídia e diz: “fizemos uma pauta de quinze reivindicações e o governo nos contemplou”. Façam o seguinte: cliquem nesse link e leiam os comentários dos professores abaixo do vídeo: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=vhKPED101-A


Pergunta: um sujeito cínico como esse merece nossa confiança?

Raciocinando como jovem estudante

Já fui estudante de graduação (1998-2001) e na época, ganhando meus R$ 241,00 mensais como bolsista de Pibic, eu achava qualquer valor acima disso um dinheirão. Imagino que vocês devem achar o salário de um professor federal muito bom - muitas vezes tendo em mente a aula medíocre de um professor descompromissado com o alunado. Infelizmente tenho que admitir que há mal caráter que sequer dar aula, mas também afirmo que tem muita gente boa e que adora dar aulas e pesquisar juntamente com os alunos. Tanto na velha quanto na nova geração de docentes há pessoas interessadas que vocês saiam da universidade com conhecimento para vencer na vida. Basta vocês separarem o joio do trigo e utilizarem instrumentos (por que não as redes sociais?) para denunciar aqueles que não honram esse lindo ofício, pois isso é caso de polícia (federal).

Sou iniciante na carreira, Adjunto I quase II, e ganho cerca de 5.600 reais já descontados os impostos. É um bom salário para a realidade brasileira, mas que devido aos gastos que tenho não sobra muito dinheiro para investir a curto prazo, por exemplo, num apartamento.

Se vocês compararem o salário de um professor com o de qualquer outro cargo do funcionalismo federal, vocês verão que, na verdade, ganhamos pouquíssimo. Vejam a tabela abaixo:





Para completar o raciocínio, para ser um bom professor – ou tentar ser -, a pessoa tem que investir na sua formação, mesmo após finalizar um doutorado. Só para terem uma idéia dos meus gastos com livros, vou divulgar o que já gastei só esse ano no site da Estante Virtual (livros usados):
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31/07/2012 14:24:20
Sebo Estação Coruja :: Brasil>SP>São Paulo
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20/07/2012 00:02:00
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Memória Livros :: Brasil>RS>Porto Alegre
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Nova Floresta :: Brasil>SP>São Paulo
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Julian Livros :: Brasil>SP>São Paulo
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27/04/2012 00:42:44
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23/04/2012 04:04:01
Brique de Nóia :: Brasil>RS>Novo Hamburgo
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15/04/2012 22:00:19
Siqueira e Renard Livros :: Brasil>SP>São Pa...
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recebido

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15/04/2012 22:00:19
Livraria Mercado do Livro :: Brasil>RS>Santa...
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29/03/2012 21:27:24
Bazar do Livro Matriz :: Brasil>MT>Cuiabá
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27/03/2012 06:18:20
Bastilha Livre :: Brasil>RJ>Rio de Janeiro
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27/03/2012 06:18:20
Raquel Rolim :: Brasil>SP>São Paulo
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27/03/2012 06:18:20
Sebocracia :: Brasil>RJ>rio de janeiro
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27/03/2012 06:18:20
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09/03/2012 20:06:43
Sebo e Livraria Via Book :: Brasil>RS>Viamão
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06/03/2012 05:23:27
Livraria Mercado do Livro :: Brasil>RS>Santa...
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23/02/2012 01:13:06
Livraria Solaris :: Brasil>RS>Porto Alegre
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04/02/2012 01:37:39
Quarup Livraria Antiquária :: Brasil>mg>juiz...
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04/02/2012 01:21:35
Livraria Amaral :: Brasil>SP>São Paulo
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31/01/2012 02:15:59
Pacobello Sebo :: Brasil>SP>SANTO ANDRE
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Sebo Literário de Ourinhos :: Brasil>SP>Ouri...
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06081278
31/01/2012 02:09:11
Arte Poetica Livros :: Brasil>RJ>São Gonçalo
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31/01/2012 02:09:11
Letteris Digital2 :: Brasil>RJ>Rio de Janeiro
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31/01/2012 02:09:11
Travessa da Praia :: Brasil>SP>Santos
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31/01/2012 02:09:11
Ramon Raz Livros :: Brasil>RJ>Rio de Janeiro
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31/01/2012 02:09:11
Sebo Kapricho :: Brasil>PR>Curitiba
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06070521
28/01/2012 22:56:39
Sebo Capricho II :: Brasil>PR>Londrina
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28/01/2012 22:56:39
Sebo Literário Sorocaba :: Brasil>SP>Sorocaba
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18/01/2012 17:33:53
Pink e Cerebro Livros :: Brasil>SP>São Paulo
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18/01/2012 15:42:03
Nanah Livraria e Música :: Brasil>SP>Campinas
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Sebo Comasa - Elemental :: Brasil>SC>Florian...
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13/01/2012 01:57:04
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13/01/2012 01:57:04
Sebo Mundo do Livro Lapa :: Brasil>SP>São Pa...
R$ 12,70
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11/01/2012 23:14:08
Bazar do Livro Matriz :: Brasil>MT>Cuiabá
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05953344
07/01/2012 16:09:32
Flanarte :: Brasil>SP>São Paulo
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Já em 2011, só em livro usado, gastei o seguinte:

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05/11/2011 07:15:50
América Virtual Books :: Brasil>SP>São Paulo
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25/10/2011 23:47:06
Sebo Pellegrini Livros :: Brasil>SP>Campinas
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15/10/2011 21:56:46
Luzes da Cidade Botafogo :: Brasil>RJ>Rio de...
R$ 15,00
recebido

05568108
15/10/2011 21:56:46
Livroslidos Quiosque Cultural :: Brasil>SP>G...
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cancelado

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14/10/2011 12:19:45
Sebao Mall :: Brasil>SP>Piracicaba
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14/10/2011 12:19:27
Sebo Cyber Oficinas :: Brasil>SC>Tubarão
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14/10/2011 03:55:15
Sebo Líder :: Brasil>PR>Curitiba
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Livraria Mar de Histórias :: Brasil>RJ>Rio d...
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Mister Sebo :: Brasil>SP>São Paulo
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Universo do Livro :: Brasil>GO>Goiânia
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08/10/2011 20:30:52
Sebolândia Lapa :: Brasil>SP>Sao Paulo
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08/10/2011 20:30:52
Anaterra Livros :: Brasil>RS>Santa Maria
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08/10/2011 20:30:52
Livraria Mercado do Livro :: Brasil>RS>Santa...
R$ 13,00
recebido

05539284
08/10/2011 20:30:52
Rota Literária :: Brasil>RS>Porto Alegre
R$ 20,35
recebido

05524555
05/10/2011 08:17:59
Silvana Gambarra :: Brasil>RS>Viamão
R$ 44,35
recebido

05465285
21/09/2011 02:18:02
Livraria Otelo Matriz :: Brasil>RJ>Niterói
R$ 25,35
recebido

05465266
21/09/2011 02:05:56
Livraria Marechal :: Brasil>SP>São Paulo
R$ 20,80
recebido

05465265
21/09/2011 02:05:56
Traça Livraria e Sebo :: Brasil>RS>Porto Ale...
R$ 11,66
recebido

05465264
21/09/2011 02:05:56
Universo Literario :: Brasil>SP>Osasco
R$ 21,70
recebido

05465263
21/09/2011 02:05:56
Ladeira Livros :: Brasil>RS>porto alegre
R$ 20,05
recebido

05465262
21/09/2011 02:05:56
Garimpo Cultural :: Brasil>SP>São Paulo
R$ 12,35
recebido

05465261
21/09/2011 02:05:56
Banca de Livros :: Brasil>SP>São Paulo
R$ 26,40
recebido

05465260
21/09/2011 02:05:56
Livraria Aroeira :: Brasil>SP>São Bernardo d...
R$ 10,70
recebido

05410383
10/09/2011 05:13:05
Livraria Dourados Sebo :: Brasil>MS>Dourados
R$ 15,65
recebido

05410382
10/09/2011 05:13:05
Traça Livraria e Sebo :: Brasil>RS>Porto Ale...
R$ 29,32
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05410372
10/09/2011 05:03:24
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ATENÇÃO garotada que deseja seguir carreira acadêmica

Vocês já se deram conta das perdas irreparáveis que vocês vão ter caso essa proposta do governo seja aprovada – como muito colegas de vocês, loucos pelo diploma, desejam?
Como falei estou no início de carreira. Como já possuía o título de doutor ingressei na classe de professor adjunto I. Com a nova proposta o jovem docente ingressaria na classe de auxiliar I. Traduzindo em outras palavras: para ele ganhar os 5.600 que eu ganho ele precisaria de OITO anos!


Qual o pesquisador decente que iria se submeter a isso? Nenhum! A universidade se transformaria num refúgio de biscateiros. 

Vejam as tabelas abaixo:



Espero que meu texto tenha sido esclarecedor. Estamos no mesmo barco, querido aluno: um barco com equipamentos obsoletos, pouco investimento, expansão desordenada e incertezas, muitas incertezas. Se juntem a esta luta – que também é vossa.


O que JAMAIS posso admitir é que meus alunos, estudantes de Comunicação Social, uma das áreas em que o corpo discente costuma ser mais politizada e informada, se posicionem de forma tão alienada diante dessa luta - que, vale lembrar, é de TODOS. É assustador o comportamento da maioria de vocês, que enxerga a universidade não como um local de aprendizado para o futuro, mas um local de entretenimento. 


Estamos em Alagoas, Estado miserável, com uma forte cultura escravocrata, onde impera a violência física e, sobretudo, simbólica (falta de identidade cultural). Vocês, jovens universitários, são a única esperança para a construção de uma Alagoas mais humana. Pensem nisso, meus caros!

Com carinho,
JGD